O projeto de financiamento chama-se “Panorama”, foi lançado a 15 de fevereiro e tem como objetivo a publicação de livros em forma de acordeão (“leporellos”), baseados em pinturas clássicas, e a criação de uma editora de objetos gráficos.
A campanha de financiamento está disponível na página http://fr.ulule.com/projet-panorama/ e vai durar um mês, podendo os participantes contribuir com ajudas que vão dos 5 aos 180 euros e recebendo, em troca, exemplares dos livros, imagens autografadas pelos autores ou desenhos originais.
Em apenas três dias, “pessoas do mundo inteiro contribuíram” para a campanha e foi ultrapassada a soma solicitada de 6500 euros para financiar a impressão das duas primeiras obras, uma inspirada no mestre da pintura flamenga Pieter Bruegel e outra no pintor francês que marcou a arte naïf Le Douanier Rousseau.
Face à mobilização nos primeiros dias, Cyril Pedrosa propôs como novo patamar o montante de 12 mil euros para financiar a publicação de uma terceira obra e a criação de uma página internet. Caso as somas voltem a ser ultrapassadas, o dinheiro “vai permitir financiar mais anos de criação artística”.
O primeiro livro em acordeão, da autoria de Cyril Pedrosa e de Tangui Jossic, vai ser uma reinterpretação de quatro quadros de Pieter Bruegel que sugerem as quatro estações do ano: “Caçadores na Neve” (1565), “O Casamento Camponês” (1567), “A colheita” (1565) e “A dança camponesa” (1568).
“Vamos ilustrar o outono, inverno, primavera e verão, dando uma visão contemporânea das cenas descritas por Bruegel. Ele dá uma visão muito acessível do passado que não é folclórica ou sombria, aproximando-nos muito das pessoas de então. Permite-nos compreender que as pessoas do passado são como nós”, descreveu Cyril Pedrosa.
Na origem do projeto esteve a tela de Bruegel “Caçadores na Neve” que foi transformada numa pintura mural contemporânea por Pedrosa e Jossic, em outubro do ano passado, na livraria Hab Galerie na cidade francesa de Nantes.
O autor precisou, ainda, que a ideia dos livros em acordeão está “mais próxima da ilustração do que da banda desenhada”, sublinhando que “a dificuldade passa por não se deixar intimidar pelo peso das obras de Bruegel e tentar brincar, como ele, com as situações descritas nas telas”.
Cyril Pedrosa é o autor de “Portugal” e “Três Sombras”, duas bandas-desenhadas premiadas no Festival internacional de Banda Desenhada de Angoulême e traduzidas em mais de uma dezena de países, incluindo Portugal.
O autor de BD vai ser um dos presidentes da Maison Fumetti, uma casa de banda-desenhada que vai abrir em junho, em Nantes, e que vai ter residências artísticas, ateliers e exposições.
Pedrosa está a preparar um novo livro intitulado “L’Âge d’Or” (“A Idade do Ouro”) que deverá ser publicado no próximo ano nas éditions Dupuis.
fonte: Cultura ao Minuto